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Brasil lidera o G20 com proposta de Aliança Global contra a Fome e Pobreza, mas enfrenta resistências

  • Fato Zero Notícias
  • 18 de nov. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de nov. de 2024

Chegada do Presidente da Argentina, Javier Milei

O Brasil lançou oficialmente nesta segunda-feira (18), durante a cúpula do G20 — que reúne as maiores economias do mundo —, sua principal iniciativa na presidência do grupo: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.


A proposta, no entanto, enfrenta obstáculos, especialmente pela sugestão de taxar grandes fortunas em escala global para financiar o projeto. Diplomatas brasileiros receiam que o presidente da Argentina, Javier Milei, atue alinhado ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, dificultando a inclusão do tema no texto final da cúpula.


A proposta brasileira


O Brasil defende a criação de um imposto global de 2% sobre grandes fortunas, capaz de arrecadar anualmente cerca de US$ 250 bilhões. O cálculo é baseado em um estudo do economista francês Gabriel Zucman, encomendado pelo governo brasileiro. Esses recursos seriam destinados a um amplo programa de combate à fome e à pobreza, questões que afetam milhões em todo o mundo.


Um relatório da ONU divulgado em julho revelou que, em 2023, 733,4 milhões de pessoas enfrentaram a fome em pelo menos um dia — um número equivalente a 1 em cada 11 habitantes do planeta.


Oposição à taxação


A ideia de um imposto internacional encontra resistência de algumas lideranças. Na última sexta-feira (15), Milei se reuniu com Donald Trump, que já declarou oposição à taxação de grandes fortunas e defende a redução de impostos para os mais ricos. Após o encontro, a diplomacia argentina recebeu orientações para não aceitar propostas concretas nesse sentido no G20.


Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, é um dos principais críticos da ideia, o que contrasta com o apoio manifestado por Joe Biden, atual presidente em fim de mandato. Biden endossou a proposta brasileira, enquanto países como membros da União Europeia e Reino Unido também demonstraram interesse. Apesar disso, o texto final da cúpula deve abordar apenas a análise da possibilidade de implementar tal taxa no futuro.


Outras divergências no G20


Além das dificuldades relacionadas à criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a presidência brasileira no G20 enfrenta resistência em outros dois temas defendidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As divisões refletem os desafios de promover consensos em um cenário político global polarizado.


O documento final da cúpula, que marcará o encerramento da liderança brasileira no grupo, deverá trazer propostas mais genéricas, refletindo as diferenças entre as principais economias sobre temas sensíveis e de impacto global.

Lula e Haddad em reunião no G20

Crise climática e transição energética


Outro tema sensível discutido durante a cúpula do G20 é a crise climática e a transição energética. Países desenvolvidos pressionam as economias emergentes para que contribuam no financiamento de programas ambientais em nações mais pobres. Contudo, o Brasil tem reforçado sua cobrança para que os países ricos cumpram o compromisso de destinar US$ 100 bilhões anuais, conforme estabelecido no Acordo de Paris, destinado a ações climáticas e mitigação de danos.


A divergência reflete as desigualdades históricas no papel de países desenvolvidos e emergentes na crise climática, bem como o desequilíbrio no acesso a recursos para implementar uma transição energética justa.


Reestruturação de organismos multilaterais


O tema da reestruturação de organismos multilaterais, como a ONU, também está na pauta, mas enfrenta desafios históricos. Apesar de ser defendida por várias nações emergentes, incluindo o Brasil, a proposta tem encontrado dificuldades para avançar de forma concreta ao longo dos anos.


O cenário se torna ainda mais complicado com a provável resistência do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante sua campanha, Trump criticou severamente os organismos multilaterais, prometendo adotar uma postura contrária a iniciativas que fortaleçam ou reformem essas instituições.


Esses dois tópicos, juntamente com a proposta de taxação global e a Aliança contra a Fome e a Pobreza, ilustram os complexos debates que marcaram a presidência brasileira no G20, evidenciando tanto avanços quanto os persistentes desafios no cenário internacional.


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