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Congelamento do pão: impacto no índice glicêmico é real, mas benefícios para a dieta são limitados

  • Fato Zero Notícias
  • 21 de nov. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 25 de nov. de 2024

O congelamento do pão tem ganhado atenção nas redes sociais como uma estratégia para reduzir o impacto glicêmico desse alimento, considerada um vilão por quem deseja perder peso ou controlar os níveis de glicose no sangue.


A técnica promete transformar o amido presente no pão em amido resistente , um tipo de fibra que é digerido mais lentamente pelo organismo. Apesar do processo ser real, especialistas alertam que os benefícios dessa prática são limitados e não substituem hábitos alimentares equilibrados.

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Como o congelamento afeta o amido?


Durante o preparo do pão, o calor do forno gelatiniza o amido da farinha, facilitando sua digestão. No entanto, ao congelar e depois descongelar o pão, ocorre uma transformação química que converte parte desse amido em amido resistente .


  • Amido resistente: Diferentemente do amido comum, ele não é digerido pelas enzimas do trato intestinal humano, sendo fermentado no intestino grosso.


  • Impactos no corpo: Essa transformação pode retardar a digestão do pão, diminuindo a velocidade com que a glicose é liberada no sangue e, em teoria, ajudando a evitar picos de insulina.


Segundo o médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), “o amido resistente é mais difícil de ser digerido e, portanto, mais lenta será a absorção da glicose, conduzindo o risco de picos de açúcar no sangue. ”


Os benefícios são realmente vantajosos?


Embora o congelamento altere o índice glicêmico do pão, os especialistas destacam que a redução é modesta e depende de vários fatores, como o tipo de pão e a composição da receita.


  • Estudos preliminares: Pesquisas, publicadas no European Journal of Clinical Nutrition em 2008, indicam uma redução de nível no pico glicêmico ao consumir pão congelado. No entanto, a variação não foi significativa o suficiente para classificar o pão como um alimento de baixo índice glicêmico.


  • Importância da composição: Nutricionistas apontam que pães ricos em fibras e grãos já apresentam um índice glicêmico naturalmente mais baixo, o que potencializa os efeitos do congelamento.


A nutricionista Eliana Bistriche Giuntini, do Food Research Center (FoRC/USP), ressalta: “A redução do índice glicêmico no pão congelado pode ocorrer, mas não é regra. Pães com maior teor de fibras e menos fermento tendem a oferecer melhores resultados.”


Quem pode ser beneficiário?


O congelamento do pão pode ser uma estratégia interessante para:


  • Diabéticos: Como parte do controle glicêmico, o consumo de pães congelados pode ser útil, já que promove uma liberação mais gradual de glicose no organismo.


  • Saúde intestinal: O amido resistente, fermentado no intestino grosso, auxilia na saúde do cólon, contribuindo para o equilíbrio da microbiota intestinal e do trânsito intestinal.


No entanto, para indivíduos saudáveis, o impacto é mínimo. Como explica Ribas, “as vantagens do congelamento são limitadas e não representam mudanças significativas para a saúde geral.”


Congelar pão ajuda a emagrecer?


Apesar do hype nas redes sociais, congelar pão não auxilia diretamente na perda de peso . A prática não altera o valor calórico do alimento, nem reduz a quantidade de carboidratos disponíveis.


Para quem busca emagrecimento, é mais relevante:


  • Controle as porções: Priorize o consumo moderado de grãos e carboidratos em geral.


  • Escolher alimentos integrais: Versões ricas em fibras ajudam a promover saciedade e regular a glicemia.


  • Adotar uma alimentação equilibrada: Combinar carboidratos com proteínas e gorduras saudáveis ​​ou diminuir o impacto glicêmico das refeições.

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Conclusão


O congelamento do pão promove a formação de amido resistente, contribuindo para uma digestão mais lenta e uma liberação gradual de glicose no sangue. Porém, os benefícios são limitados e não tornam o alimento significativamente mais saudável ou indicado para emagrecimento.


Pessoas com diabetes ou que desejam controlar o índice glicêmico podem considerar essa prática como um complemento, mas não como uma solução definitiva.


A recomendação mais eficaz para uma alimentação saudável continua sendo investir em escolhas equilibradas e consultar profissionais de saúde para orientações personalizadas.



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